Atribui-se ao ex-presidente José Sarney o axioma de que 50% dos problemas não têm solução. Os outros 50% se resolveriam sozinhos. Jamais restou comprovado que Sarney pense ou tenha dito isso. Há, de fato, problemas que acabam resolvidos sem a interferência direta do governante. O tempo encarrega-se deles.
Procedeu assim porque quis. “Devo muito a Sarney, sabe?” -, justificou-se. A Cristiane, nada deve. Ao pai dela, o ex-deputado Roberto Jefferson, deve pouco. Jefferson lhe foi fiel até aqui, mas ao preço de benefícios obtidos para si e seus companheiros de partido. Não é por receio de magoá-lo que Temer está inerte. É por fraqueza.
Talvez seja também por ter-se acostumado à condição de refém de terceiros. Cercou-se de amigos para governar e quando alguns se meteram em encrencas, tornou-se refém deles. Sem coragem para mostrar logo de saída as reais dimensões da herança maldita deixada por Dilma, dela tornou-se refém e corresponsável.
Sabe que a política de ceder às piores vontades dos partidos aliados só serve para degradar sua imagem e a do governo, mas é incapaz de revisá-la. A essa altura, prisioneiro dos seus interesses, é um presidente conformado, à espera tão somente de que o tempo passe e esgote seus dias de mandato.
Nada mais ridículo do que teimar em obter uma decisão judicial que garanta a posse de Cristiane depois de três decisões contrárias. Poderá conseguir. Mas não estancará a sangria da deputada, nem a sua por tabela. Aberto o baú das revelações sobre os desacertos de Cristiane, ele seguirá aberto até que outro assunto se imponha.
Vai pagar para ver, Temer?
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