quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Sábio provérbio mineiro afirma que eleição, só depois da apuração

Enquanto se decide por aí como acabar com o foro privilegiado – uma questão que já deveria ter sido resolvida no Congresso Nacional, ao qual, com absoluta exclusividade, cabe legislar –, muita água ainda rolará por debaixo da ponte. O Supremo Tribunal Federal (STF) quis aprovar a restrição proposta pelo ministro Luís Roberto Barroso, que, segundo alguns juristas, privilegia magistrados e integrantes do Ministério Público Federal. Só que, depois dessa crítica, Barroso passou a defender que a restrição seja aplicada em todos os níveis. Isso vai ao encontro de outra proposta, que, aprovada no Senado Federal, foi encaminhada à Câmara e, simbolicamente, recebeu aprovação na Comissão de Constituição e Justiça.

O assunto empolga. A solução virá logo. Ninguém aceita mais esse privilégio odioso, que nasceu com o Império e continuou na República. Por mais incrível que pareça, se mantém intocado até hoje. Isso, porém, não impediu, pela primeira vez, a prisão de poderosos, tanto política quanto economicamente. Aconteceu na operação Lava Jato, mas, com o fim dessa excrescência, a prática se tornará corriqueira.

Foro privilegiado, como disse, é discussão que de fato empolga, mas prefiro tratar das eleições de 2018 – um assunto ainda considerado fora de hora pelos que não gostam delas. Para o país, contudo, nada é mais urgente do que elas. Poderão significar importante marco: ou a derrocada final, ou um futuro melhor. Poderão impedir, se assim o quisermos, em nossa decisão de eleger os melhores, que ocorra no país a tão temida eclosão social que, de certa maneira, já ocorreu no Rio de Janeiro. Segurá-la, no Rio, é difícil, mas possível; segurá-la, ou melhor, preveni-la, no país é mais difícil, se não impossível.

São muitos os candidatos a presidente da República, como aconteceu em 1989. Só que, agora, temos mais do que um outsider. Um deles, Luciano Huck, que seria candidato pelo PPS, já entregou os pontos. O outro assim considerado, Joaquim Barbosa, pelo PSB, ex-ministro e ex-presidente do STF, ainda não saiu da berlinda.

Por enquanto, em todas as pesquisas, o ex-presidente Lula, que ocupa o primeiro lugar, continua no inconsciente de boa parte do povo mais sofrido. A meu ver, todavia, não será candidato, mas nomeará alguém de seu furado bolso do colete. Seu indicado será o representante de uma esquerda populista, que falhou fragorosamente, tanto em seu segundo governo, quanto nos dois de sua sucessora, Dilma Rousseff, que terminou por sofrer impeachment. Ocupa, por ora, o segundo lugar, o ex-militar e atual deputado federal Jair Bolsonaro. Deverá apresentar-se por um partido político não criado, mas que já leva o nome de “Patriota”, adotado por uma direita tão raivosa quanto seu candidato.

Apesar de mineiro, atrevo-me a avançar mais nessas meras divagações. Mas nunca me esqueço, leitor, deste sábio provérbio, nascido aqui, nas Gerais: “Mineração e eleição, só depois da apuração”.

Outras candidaturas: Marina Silva (ainda por decidir), pela Rede; Ciro Gomes, pelo PDT; Manuela d’Ávila pelo PCdoB; o economista João Amoedo (outro outsider?), pelo Novo; e, finalmente, Geraldo Alckmin, pelo PSDB – um partido em franco processo de desmoralização. Mesmo assim, se nada dever à Justiça, se unir o partido e se, enfim, apresentar ao país uma proposta competente de governo, o paulista, aos poucos, poderá ganhar o desesperado eleitor brasileiro.

É a proposta de governo que decidirá seu voto.

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