segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Que país é este?

Pedir que os políticos aprovassem uma reforma eleitoral capaz de matá-los seria pedir o impossível. Eles não têm vocação para o suicídio. Mas não seria um despropósito esperar nas atuais circunstâncias que pensassem pelo menos um pouco no futuro do país ao votar a lei que regerá as eleições de daqui a 15 meses. Um pouco de vergonha na cara também não lhes causaria tantos danos.

Mas, não. Este é um dos poucos países democráticos onde a legislação eleitoral muda a cada dois ou quatro anos desde o fim da ditadura militar de 64. Mudou também ao longo dos 21 anos da ditadura para que ela pudesse se manter. Que reforma é essa sobre a qual não fomos consultados, e da qual só passamos a ouvir falar a poucas semanas de sua aprovação?


A Comissão Especial que cuida da reforma aprovou um fundo de R$ 3,6 bilhões em recursos públicos para bancar campanhas eleitorais. Nós, os contribuintes, pagaremos a conta. Os deputados decidirão como o dinheiro poderá ser usado. Há duas propostas. A primeira garante às siglas autonomia no rateio da quantia. Nesse caso, um único candidato poderá receber 100% do bolo.

A segunda estabelece que 20% do total devem ser distribuídos, de modo igualitário, entre candidatos ao mesmo cargo, na mesma circunscrição. O modelo que prevalecer será incluído em projeto de lei. Se a bolada do fundo for dividida pelo número de eleitores, cada voto custará ao país R$ 24,98. Daria para comprar um combo de sanduíche, refrigerante e batata do Mc Donald’s.

Enquanto isso, segundo reportagem publicada, hoje, em O Globo, das 711 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) construídas pelo governo federal com verba própria desde 2008, exatas 163 nunca abriram. Ou seja: 23% do total. Além delas, mais de mil unidades de saúde construídas com verba da União nos últimos anos estão fechadas porque falta dinheiro aos municípios para comprar e manter equipamentos e pagar médicos.

Maldita herança, essa, deixada por Lula e Dilma para Temer. Que, por sua vez, com a corda no pescoço desde que foi denunciado por corrupção, gasta além do que pode para manter-se no cargo.

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