domingo, 7 de agosto de 2016

A mão invisível

Um bom livro não precisa, necessariamente, ser extenso. Nem precisa ser contemporâneo. Eis um exemplo de livro antigo que merece ser lido. Aliás, é um clássico que nenhum graduado em ciências econômicas pode ter deixado de ler. Trata-se de “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith. Publicado em 1776, é tido como um grande suporte teórico do liberalismo econômico ou do capitalismo.

Para quem defende o liberalismo e o capitalismo ou para quem os odeia, Adam Smith e sua mão invisível do mercado, isto é, a mão invisível do interesse e do egoísmo, são indispensáveis para compreender o funcionamento da economia.

No entanto, há uma outra maneira de ler a obra: é descobrindo como o autor escocês cria sua tese e a defende, investindo o talento nos argumentos e na persuasão. Assim se entende como essa mão invisível do Iluminismo ainda seduz tanta gente em pleno século 21.

Pertence à Riqueza das Nações a célebre frase, citada em quase todos os compêndios de economia: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nós podemos desfrutar nosso jantar, mas do empenho deles em defender seus próprios interesses”.

Adam Smith, pai do capitalismo e do laissez-faire, defendia que a competição é o motor de uma sociedade produtiva, uma lição que nós, brasileiros, tardamos a aprender, iludidos por atalhos que não deram certo. Se nossos economistas tivessem de fato lido “A Riqueza das Nações”, talvez não amargássemos hoje uma terrível posição na competitividade no mundo. Isso apesar do livro estar disponível há 240 anos. Pior ainda para nós: muita gente em outros países o leram e puseram em prática suas conclusões.

Luís Giffoni

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