segunda-feira, 25 de julho de 2016

Uma eleição com novas regras

Inicia-se em 16 de agosto uma campanha eleitoral totalmente diferente das anteriores. Espremida em 45 dias de calendário e apenas 35 dias de divulgação em TV e rádio, sem outdoor, superplacas ou recursos mirabolantes, sem show de cantores e atores, terão os candidatos um enorme trabalho para arrancar votos dos eleitores usando de sua cara e capacidade pessoal.

A lei que regulamenta o pleito deste ano retirou do quadro o espetacularismo, os efeitos especiais, as cenas apoteóticas. O candidato aparecerá quase nu e cru explicando para o que veio e o que representa um voto nele, e não em outro.

Podemos imaginar um eleitor que, com toda a razão, imagina a política brasileira um exercício contumaz do crime, com suas perversas expressões, estará a escutar de má vontade os candidatos, aderindo em larga escala ao voto em branco, que serve apenas para fortalecer quem explora o meio. Mas grande parte deverá prestar atenção mais nas propostas do que nas críticas, nos acenos de saída de um beco político que levou para a crise, o desemprego e a incerteza.

Não às promessas surradas de lotes na lua, de metrô na porta de casa, mas de coisas mais simples, como a honestidade, a competência, a capacidade de realizar melhorias num ambiente decente.

A onda que passa pela Europa, varrendo métodos que pareciam eternos e cinzentos, poderá varrer personalidades estigmatizadas pelo velho estilo. O eleitor esclarecido está interessado na novidade em primeiro lugar, naquele que, bem ou mal, apresente um aceno de saída da dicotomia direita versus esquerda que se comungam em métodos errados.

O novo perfil almejado é o de quem dará um basta ao fisiologismo, à partilha do poder e à exploração da coisa pública, àquele que antes de tudo se cerca de cúmplices, e não de colaboradores competentes. Àquele que tem um projeto de poder acima de um projeto de desenvolvimento e bem-estar. Terá dificuldades aquele que acenar a partilha do poder entre aliados e associados, sem colocar seu cargo à disposição do verdadeiro destinatário: o cidadão.

Valerão as mazelas de sempre? Apenas em parte. Ainda o eleitorado está longe de ser livre das contas fisiológicas rasteiras, a ignorância também sobreviverá por gerações e continuará a desfigurar o bom e não se aperceber do mal.

As redes sociais, contudo, excluindo-se os canalhas que nela atuam anonimamente como vândalos, já atuam como meio democrático e valioso à população, são a grande novidade, abrindo um debate permanente de ideias e opiniões durante ininterruptas 24 horas por dia. Provavelmente serão as redes a “pior” novidade para quem pratica a enganação, poderão arejar o ambiente fechado aos poucos “tradicionais” e dar possibilidade de disputar o voto a quem tem boas ideias e conteúdo.

As sondagens entre eleitores, nas faixas de maior esclarecimento, mostram a sede de bons administradores, experientes, realizados em suas profissões, que saibam realizar mais que obras cíveis, obras sociais e humanitárias, diminuir a burocracia e a tributação, dar eficiências e valor aos entes públicos.

Estas eleições municipais são um prelúdio daquilo que acontecerá em maior escala em 2018. Um aquecimento de um jogo com novas regras, mais que para firmar posição partidária, servirá para indicar as tendências que prevalecerão para o futuro. Prometem a superação de um sistema esgotado.

Um alívio para a crise ética num poço que não pode mais se aprofundar. Clama-se por novas e mais eficientes formas, aproveitando as tecnologias para construir uma sociedade mais avançada e protegida dos infortúnios dos patrimonialismos e da corrupção.

Os sonhos se perderam para nossa juventude, deixando lugar aos pesadelos do primeiro emprego, do tempo que escapa sem perspectiva de uma vida confortada. Os valores singelos da democracia batem forte no peito da nova geração, e serão esses que determinarão surpresas e avanços.

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