sexta-feira, 4 de março de 2016

País à deriva

Quem governa o Brasil? Dilma? Lula por meio de Dilma? Sérgio Moro por meio da Lava-Jato? O Supremo Tribunal Federal diante da fraqueza do Congresso e do governo Dilma? Ninguém governa?

Governam os fatos. A verdade é essa. O país navega ao sabor dos fatos que se sucedem. Os fatos podem derivar da ação de um dos poderes, da ação de todos eles e da inação do governo e do Congresso.

Mas eles mandam. E como se sucedem mais ou menos livremente, e em muitos casos de maneira contraditória, o horizonte muda de direção com frequência. Como um país pode avançar assim? Não avança.



Como um país do porte do nosso poderá se arrastar assim por mais dois ou três anos? Não pode. Ou não deveria poder. Não é aconselhável que possa. Só teremos a perder com isso.

Em um regime presidencialista como o nosso, imperialmente presidencialista, espera-se que o servidor número um da República ofereça um norte. Diga com segurança: “É por aqui”.

Não se trata do triunfo da vontade de uma só pessoa, nem mesmo de um só partido ou de um conjunto de partidos. Trata-se de um elenco de escolhas que foram avalizadas pela maioria do povo em eleições livres.

E no que votaram aqueles que elegeram Dilma para governar pela segunda vez? No país que ela garantiu que era possível. Ocorre que o país prometido por ela era uma grossa mentira, e ela sabia disso. Mentiu deliberadamente.

O resultado está aí. O país em crescimento rola ladeira abaixo. O país do Minha Casa Minha Vida oferece menos casos e uma vida mais degradada. No país da inflação sob controle, a inflação está próxima dos dois dígitos.

O país com mais empregos perdeu milhões deles. No país da guerra sem tréguas à corrupção, a guerra foi perdida. A corrupção, agora, engolfa aqueles que se apresentaram como seus maiores adversários.

Restou o país do Bolsa Família, que por falta de dinheiro não comporta mais ninguém.

A pergunta que mais faço a políticos, empresários, magistrados e estudiosos da situação é: “O que vai acontecer?” Eles, primeiro hesitam. Depois de olham meio aparvalhados.

A resposta mais comum que obtenho costuma ser: “Não sei. Mas algo haverá de acontecer. Do jeito que está, não dá”.

Esse “algo” tão esperado terá começado a acontecer ontem com as revelações sobre a delação premiada do senador Delcídio Amaral? Não sei. Quem sabe? Ou esse “algo” ainda está por vir? Quem sabe?

É o império dos fatos sem governo
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