segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Não sou Flamengo...

Já se vai mais um janeiro. Perdemos a desculpa do momento de festas, de passagem de ano, das alegrias que fabricamos para tornarmo-nos mais otimistas, e agora só nos resta o Carnaval para embrulhar esse que é um lamentável sentimento da sociedade brasileira; ainda que desviada de suas tragédias cotidianas pela ideia dos festejos que se aproximam, não há como se desligar da perspectiva medonha do que seremos quando o Brasil voltar a funcionar.

No Brasil tudo é postergado para depois do Carnaval, como se os problemas não existissem, os salários não precisassem de ser pagos, os impostos não fossem recolhidos, os juros dormissem e as famílias não comessem, não pagassem aluguel e as prestações do que adquiriram. Tudo para, tudo se recolhe, nada tem importância, senão o que será essa alegria dos fevereiros. Pelo menos o Carnaval é uma festa mais democrática, menos excludente do que o Natal, que nela todos envolve, do bicheiro ao bispo, passando pela Dilma, pelo juiz Sérgio Moro, Eduardo Cunha e o japonês da Federal.

Difícil aceitarmos que o Brasil terá que arranjar dinheiro para pagar o déficit anunciado, o rombo da Previdência que se arrasta há mais de 40 anos e nunca é enfrentado, seja por causa da inércia dos governos, do ativismo de um sindicalismo que nasceu retrógrado e irrecuperável, da vontade de sempre ganhar sem produzir e da corrupção, que é o que lhe desviam e roubam e um misto de tudo isso que dissemos. Administrar mal e sem zelo a coisa pública é crime e como tal deveria ser julgado e punido.

Vamos encarar um mundo em recessão, especialmente a China, nosso importante parceiro nas commodities agrícolas. Felizmente. Nossa indústria está atrasada 20 anos, pela sua vergonhosa produtividade. Equivocadamente, preferimos as medidas de proteção ao investimento na nossa modernização industrial e a realidade que temos é essa, a de uma indústria totalmente superada e improdutiva, que nem o câmbio manipulado ajudou. Na pauta de exportações, ainda nos restam a soja, a carne, o frango, a fruticultura, que deveriam urgentemente receber os incentivos necessários à sua afirmação econômica.

O investimento no agronegócio é a única saída mais à mão que o Brasil tem. Integrando a sua cadeia produtiva e os seus reflexos no emprego, na redução da migração interna, na interiorização do desenvolvimento econômico e social, na geração de riqueza, na possibilidade de agregação de valor, o agronegócio será nossa tábua de salvação nesse mar de tormentas.

É pouco? É o que temos. Mais do que isso melhor seria ainda soltarmos o japonês na sua Veraneio preta e dourada para mais uma dúzia de visitas ao Paraná, devidamente mal-acompanhado.

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