terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Estamos prontos para o futuro?

Vocês já imaginaram a dimensão das mudanças que ocorrerão nos próximos anos no processo pedagógico e na organização dos cursos superiores?

Em primeiro lugar, é preciso frisar que as novas tecnologias de informação e de comunicação estão cada vez mais presentes em todas as atividades e, na educação, são determinantes tanto para o ensino de disciplinas completas, como na oferta de meios auxiliares de aprendizagem. Elas se concretizam em plataformas especiais onde os alunos têm acesso aos conteúdos construídos pelos próprios professores, a discussões realizadas por meio de “chats”, envolvendo alunos e professores, e aos exercícios que contribuem para a fixação da aprendizagem.

As novas tecnologias também se manifestam na oferta de bibliotecas online, que incorporam centenas de referências básicas e complementares e que serão os melhores instrumentos de estudo para os alunos dos cursos de graduação.

Além disso, os cursos criados por algumas universidades estrangeiras, na modalidade a distância, já podem ser realizados gratuitamente, rompendo-se as fronteiras e criando novas alternativas para os estudantes, internacionalizando cada vez mais as universidades, e dando outra dimensão aos diplomas e certificados, na medida em que uma estrutura curricular poderá ser construída por disciplinas cursadas em universidades diferentes.

O aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, e mais recentemente o mandarim, vem ganhando importância crescente.

Dessa forma, as inovações trazidas à educação superior estão provocando a ruptura dos paradigmas seculares adotados nas universidades. A relação ensino-aprendizagem está passando por progresso significativo, concretizado na mudança de concepção da sala de aula, na necessidade de atividades orientadas extra-classe, e no entendimento de que o aluno hoje é um protagonista do processo pedagógico, por meio do trabalho em grupo, do estudo de casos e da aprendizagem baseada em problemas.

Uma das mais importantes consequências do emprego dessas novas estratégias de ensino reside na possibilidade de eliminação do calendário escolar, na medida em que cada estudante, na sua própria escala de tempo, poderá construí-lo de acordo com as suas disponibilidades.

Os programas das disciplinas não serão mais “customizados” para todos os alunos, as provas serão realizadas de forma independente e personalizada e os professores terão uma nova missão, procurando orientar seus estudantes a buscar nas redes de informação e nas bibliotecas online os conhecimentos que necessitam na sua formação.

Em algumas universidades dos países mais avançados os currículos de graduação têm uma expressiva parte realizada fora do ambiente universitário, com professores que sequer pertencem à carreira docente, embora com as qualificações para a tarefa de ensinar ou de orientar os estudantes em trabalhos práticos que os preparem para a vida profissional.

Na prática pode-se afirmar que as universidades estão passando por uma espécie de “uberficação”, como ressaltou uma interessante matéria publicada recentemente. Entretanto, é bom frisar que, na educação, a formação humanística será também determinante para assegurar que estaremos diplomando pessoas para o pleno exercício da cidadania.

E nós, aqui no Brasil, já nos preparamos para enfrentar estas mudanças? A resistência ao novo sempre é grande, mas é preciso, e urgente, mudar.

Paulo Alcantara Gomes

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