terça-feira, 3 de março de 2015

O 'fantasma' do impeachment

Apesar de o eminente democrata socialista, Zé Mensalão, cumprindo prisão domiciliar, declarar em 1999, que “dizer que impeachment é golpe é falta de assunto”, ainda assim a palavra continua um terror para uns e outros. Os próprios petistas, que já idolatraram o excelentíssimo ex-ministro, conferem à palavra o sentido de golpe da Direita; grande parte da população pede o afastamento da presidente, mesmo sem saber que isso está na Constituição. E fica-se no blá-blá-blá discutindo-se o direito constitucional, o que convém muito ao estado de beligerância no país e, em particular, ao governo e seus asseclas. Não se deve esquecer a antológica frase de quem brigou para derrubar Collor e hoje avisa com a profecia dos sem caráter como Rui Falcão: “Fiquemos alertas, companheiros, pois o imperialismo tanto se vale da força bruta como recorre às instituições republicanas para depor governos populares”. É discurso rançoso com mais de 50 anos de usado e usurpado.

O que há de tão terrível no impeachment? O Brasil já não passou por um e saudou como um avanço democrático? Agora seria antidemocrático? Mudaram a Constituição e não disseram nada? Ou querem dar um golpe de João Sem Braço?

O Paraguai, em 2012, decretou o impedimento de Fernando Lupo num rápido processo que durou ao infinito de dois dias. O processo foi iniciado a pedido de um deputado do Partido Colorado, motivado por um confronto entre policiais e camponeses, durante a reintegração de posse de uma fazenda em Curugauty, que deixou 17 mortos e 80 feridos. O Paraguai vai bem, obrigado, sem guerra civil, sem nós contra eles e outros lemas marqueteiros. E o Brasil continua matando 50 mil por ano.

Quem não gostou nada do cumprimento da Constituição paraguaia pelos paraguaios foram os companheiros, entre eles, a Venezuela, de Chávez, e o Brasil, de Dilma, sempre muy amigos e leais defensores da tal legalidade à moda da casa. Foram contra a saída, constitucional, do presidente e puniram o país que cumpriu sua Constituição com o afastamento do Mercosul para dar vez à legal Venezuela, que rola na desgraceira.

O que dá em ser contra ou a favor do impeachment? Está na lei e, dentro da lei, cumpra-se. Tanto falatório só dá vez mesmo ao acobertamento das falcatruas que assolam o país. Se tiver que ser feito, faça-se como manda a Constituição e bola pra frente. O que não se pode é gastar tanto palavrório, que joga uma cortina de fumaça sobre a roubalheira e só favorece a turma da corrupção. Vamos acabar embaralhando os conceitos e enfiando os pés pelas mãos sujas.

O que não se pode, nem pensar, é arrumar artifícios novos ou mais do que vetustos para driblar a Justiça, no Brasil, tão maltratada em favor dos poderosos, dos empreiteiros, dos políticos, dos canalhas de toda a espécie. Neste imbróglio, o povo apenas quer Justiça com todas as letras para acabar com as “brincadeirinhas” que só levam ainda mais o país para o poço.

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