É Natal, bimbalham os sinos, o
mundo gira e a Lusitana roda — mas, nem por isso, as informações sobre a
roubalheira na Petrobras deixam de nos surpreender. Ou, como gosta de dizer a
“presidenta”, de nos estarrecer. Assisti à entrevista que a Venina deu à Glória
Maria, e fiquei estarrecida. Não com as denúncias — afinal, eu precisaria ser
mais ingênua do que Dilma e Graciosa juntas para acreditar que nem uma nem
outra sabiam do que se passava na empresa — mas comigo mesma por,
paradoxalmente, não mais me estarrecer diante do que ouvia.
Sinto que nada do que eu possa vir
a saber sobre a Petrobras ou sobre o governo poderá, jamais, me estarrecer; a
minha capacidade de estarrecimento está esgotada.
A única coisa que ainda me causa
algum espanto em relação à Petrobras é o profundo silêncio dos seus 85 mil
funcionários. Cadê os protestos? Cadê as passeatas? Cadê a vergonha na cara?
***
Em Nova York, a filha do dono da
Korean Air mandou um avião da empresa voltar ao portão de embarque depois que
lhe serviram macadâmias num pacotinho, em vez do prato de porcelana que
esperava. Por causa disso, o voo teve um atraso de 11 minutos, a Coreia do Sul
entrou em polvorosa, as vendas de macadâmias dispararam, e a moça pediu perdão
em público pelo piti. Seu pai, o poderoso CEO da companhia, reuniu a imprensa
para curvar-se num pedido de desculpas ainda mais elaborado, em que reconheceu
que não soube educar a filha; a gravata que usava quase tocou o chão.
Há lugares no mundo em que os
envolvidos em escândalos pedem desculpas.
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